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Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez


Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz2k0W3PSyd

a dama e o vagabundo
a dama e o vagabundo

A Dama e o Vagabundo

 

Características da Dama:

Uma mulher, de 34 anos, diarista, separada do marido;

Uma criança de dois anos;

Uma criança de três anos;

Uma criança quatro anos.

 

Características do Vagabundo:

            A sociedade.

 

            Uma mulher, muito jovem, abdicou os estudos em troca da paixão de um homem, com esperança de construir um lar, ter muitos filhos, e ser feliz. Quando teve o sétimo filho o marido a abandonou e a ela, somente a ela, coube a responsabilidade de criar os filhos que parira.

            O que deveria acontecer na adolescência e juventude, antes de entregar-se a paixão amorosa, ter filhos e construir uma família, obrigatoriamente terá que acontecer agora, depois dos trinta anos, com sete filhos. Cursar o ensino médio para garantir um futuro melhor ás crianças.

            Uma missão própria á uma dama de ferro. Congelar os sentimentos, ultrapassar os limites femininos na sociedade masculina, dominar os ponteiros grandes do relógio do tempo, arrancar a palavra entretenimento do dicionário da vida, esquecer que é mulher.

De noite ficava acordada dando o peito, ninando e acalentando, oferecendo o divino remédio materno ás crianças. Doze anos nessa jornada que iniciou no final da adolescência.

Continua sem dormir para poder lavar, passar, coser e, no prolongamento da noite, olhar no rosto dos filhos, deitados na cama como anjos, acariciá-los sem ter certeza que sentem o calor de suas mãos laboriosas e arrepender-se por ter errado e continuar errando.

            Errou quando definiu a base de seu sonho na presença e companhia de um homem. Que daria sete filhos, sustento a todos e em troca ela daria fidelidade e carinho aos oito. Errou por não estudar, não qualificar consciência, não fortalecer o seu espírito, não entender o mundo e suas relações, antes de aceitar o casamento.

            Continua errando por não possuir forças para livrar-se das garras do diabo da matéria presente na sociedade. A matéria, o diabo, aniquila a mulher carinhosa e educadora, transformando-a numa peça de engrenagem que serve á produção de mais matéria e é proibido sentir fadiga.

            Um dia essa mulher cochilou e não pagou a conta de luz. Após alguns meses, uma vela acesa deitou lentamente sobre o colchão. Três crianças morreram queimadas.

            Essa é a forma usada pela sociedade para descontar em nosso lombo uma dívida material

A regra dessa sociedade é a mesma do vagabundo: enquanto eu durmo você trabalha, enquanto me divirto você trabalha, enquanto gozo você trabalha, e se você atrapalhar meu sossego arranco tua vida.