Senhor Germano trabalha numa transportadora e ganha pouco. Como não bebe, não fuma, e consome apenas alimentos indispensáveis, economizou um bom dinheirinho e construiu um sobrado.
Nos fins de semana, sempre no fim do dia, gosta de sentar numa cadeira, agarrado a uma cuia de chimarrão, e da sacada ficar horas e horas olhando o dia desaparecer. Cada trago de chimarrão, uma volta no passado. Tudo o que passou na vida lhe traz saudades.
Mas tem uma coisa que ao lembrar o peito arde, os olhos enchem de lágrimas. É quando os irmãos, o pai, a mãe, juntavam-se em volta do pequeno e singelo altar para rezar. Todo dia, era sagrado.
Qual era a oração? Não lembra mais! Mas não é da oração que tem saudade. É da familia reunida. Ainda tem o pequeno, empoeirado e singelo santuário num canto da casa, mas a família não se reune mais. O encontro familiar ao redor do altar foi substituido por diferentes coisas, entre elas a televisão.
É só começar a contar essa história aos filhos e logo escuta:
- Isso é cafona. É coisa do passado!
Senhor Germano repreende os filhos:
- Cafona é viver sozinho, sem poder contar com alguem!