Dia oito de maio, não importa o ano, numa sexta-feira, os alunos da escola primária*, se preparavam para uma apresentação.
O pátio da escola estava inteiro enfeitado. Bancos e cadeiras enfileiradas, algumas flores de papel crepon nos cantos da escola e enfim, uma recepção digna de ser uma homenagem as progenitoras.
O combinado era que cada aluna apresentasse uma peça individual, voltasse para trás do pano e depois todas viriam ao palco para recitarem um verso. Quando terminassem iriam se dirigir às mães para abraçá-las.
Entre as meninas, uma vai aos poucos perdendo a concentração. Seu corpo já não dança com o gingado que a música requer. Derepente muda o tom da voz, as vezes engrossa ou afina.
Os professores percebem a dificuldades e fazem de tudo para deixá-la tranquila.
O público formado por mães, com excessão de alguns pais, não percebia que a menina chorava de verdade e pensava que era encenação.
Aos poucos a menina vai entrando em desespero, então é retirada do palco.
O professor lhe pergunta a razão do choro e ela responde:
- Nem minha mãe nem ninguem da minha família veio me assistir.
A estudante é consolada, se conforma com a situação e volta a encenar. Mais calma, de cima do palco vê no meio do público a sua mãe e sua madrinha. Estavam ali desde o início da apresentação.
Recomposta, termina a apresentação com uma bela harmonia de canto e dança. depois corre até a mãe e lhe dá uma abraço como se nunca tivesse dado antes.
* (era assim que se chamava antigamente as escolas que ensinavam dos 7 aos 10 anos, 1ª a 4ª série primária)