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Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez


Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz2k0W3PSyd

Fim por fim feito por mim
Fim por fim feito por mim

Porque vou mandar os alunos para sala se eles não gostam da sala de aula? Afinal, a sala está horrível! Paredes descascadas, nasgas de tinta dependuradas, reboco enrugado. Eles ficam o tempo todo pedindo para ir ao banheiro, para tomar água e não fazem nem uma coisa nem outra. As meninas se reúnem na frente do espelho no banheiro, iguais narciso, alisando os cabelos e fofocando. Os meninos se reúnem de preferência ao redor do bebedouro e ficam como bobos olhando para cara um do outro, falando asneiras. Nem meninos, nem meninas vão ao banheiro ou bebem água, apenas não querem ficar na sala feia.

As opiniões do que fazer para resolver esse problema são variadas. Tem um professor que acha que aluno deve ficar na escola se quiser, que é preciso acabar com essa estória de “escola para todos”. Tem outro professor que acha que é culpa dos pais, que os pais deveriam participar mais da vida dos filhos e da escola. Um diretor acha que falta manutenção adequada na estrutura escolar. Outro diretor acha que a severidade nas prestações de contas inibe a criatividade dos administradores. Um funcionário acha que há muitas diferenças salariais. Aqueles que ganham menos trabalham mais enquanto os que ganham mais trabalham menos. Outro funcionário acha que as categorias de trabalhadores escolares não se entendem, uma “se acha” melhor que a outra e todos se acham melhores que os alunos. O problema é que ninguém da escola sabe qual é o problema. Acham que é “os alunos ficarem fora da sala de aula”, enquanto que poderia ser “a sala é feia e desestruturada”.

Os alunos não sabem (se estudassem e pesquisassem saberiam) que esse comportamento arredio é um sonoro “não“ao atual modelo de escola, ao professor que ensina de um só jeito para um grupo diverso. É um sonoro não ao costume de ficar sentado numa cadeira, prostrado, enquanto uma pessoa na sua frente arrota palavrões e teorias, folheia um monte de livros, gasta quilômetros de giz branco e o aluno fica igual a uma criatura estranha. Mão na caneta serpenteando nas folhas do caderno, pescoço igual boneco de posto (para o quadro, para o caderno). O aluno adaptado a esse modelo de escola é classificado como inteligente, mas não conhece nada dos fundamentos e conceitos previstos nas matrizes. São quietos igual um poste. É assim que o atual modelo de escola quer o aluno: igual um poste.

Agora tem uma escola virtual chamada internet. Os alunos já aderiram a essa modalidade, menos a escola. Na internet os alunos tem resposta rápida aos questionamentos, sem blá-blá-blá. Na escola, toda resposta é precedida de “porque”, “pra que”, “talvez”. A internet ensina de um jeito diferente da escola, possui didática versátil, melhor que maioria dos professores.

Na escola, quando os filhos se rebelam, os pais são “torturados” psicologicamente pelos pedagogos, diretores, conselho tutelar, funcionários e pelo “diabo a quatro”. Só falta colocar o pai num paredão e dar um monte de tiros. Essas coisas enchem. Toda essa gana de autoridade se reúne pra dizer: “você tem de fazer isso, aquilo e aquilo outro!”. Mas, essas autoridades não admitem que a escola está fora da realidade virtual, que os alunos se rebelam contra a celeuma escolar, que nenhuma autoridade saberá indicar ao pai a solução para o filho rebelde. Esses pais são frutos da internet e seus filhos também o são. Algumas escolas até chamam a polícia para fazer “palestras”, mas nem a policia da jeito na rebeldia, graças a Deus. O que escrevo é verdadeiro porque professor tem filho que não gosta de estudar; diretor tem filho que não gosta de estudar; policial também tem filho rebelde; conselheiro tutelar tem filho que não gosta de estudar e falta as aulas; funcionários de escola também tem filho que acha a escola um “saco” e estuda na marra.

Meu Deus! De uma volta pela escola de seu filho. Olhe bem ao redor dela! Paredes frias e mortas dividindo um monte de adolescentes quentes e vivos. Todos querendo trocar ideias e sendo divididas por turmas, séries e paredes. Uma parede para cada série e turma. E tem série que possui duas paredes e turmas diferentes. A parede do reforço, do recurso. A turma da frente, a de tras, Paredes, série e classes. A escola ensina desde cedo a divisão por classes e a formação de turmas. Que horror. A divisão de classes começa na escola. O professor reforça, estimula, ensina, argumenta em favor destas idéias. As melhores turmas, os piores alunos, as melhores notas, as piores notas, as notas azuis, as notas vermelhas... Tem umas pessoas que ficam entre umas paredes que trabalham menos que outras e ganham mais e tem outras pessoas que ficam entre quatro paredes, trabalham mais e ganham menos, estes também são divididos por classe. Pessoas de paredes diferentes valem mais que outras. A escola da internet oferta um conhecimento para todas as classes, sem paredes, sem séries nem turmas, tudo ao mesmo tempo.

Na escola tem trocentos computadores, um monte de equipamentos, papel, meu Deus! Quanta tonelada de papel! E muitas carteiras. Porquê carteira? Aquele objeto que o aluno escreve sobre ele na sala de aula não é uma carteira. Carteira é outra coisa. Mas, você que é pai entre numa escola, olhe a sala de aula, veja as carteiras. Maioria já enferrujadas, algumas parecem novas, mas todas enfileiradas. Entre e pense: nada mudou de quando você era criança. Quantos presidentes da republica foram derrubados? Quantas constituições novas foram criadas? Já decodificaram a genética, já fazem transplante de face e a sala de aula continua a mesma, o estudante continua sendo tratado como uma criança sem luz, catequizado a viver numa sociedade de classes diferentes, sendo que, o da classe da frente é melhor que você porque tem melhor nota.

Os pensadores da escola dançam miudinho para ter um pouco de paz com os alunos e por isso criam os projetos de valores. Dão prêmios a quem vai à escola todos os dias e a quem fica quieto. Isto é, os pensadores se preocupam com a falta e não com o motivo da falta; com ficar quieto e não com o motivo de ser calado. A escola ensina a inversão dos valores da sociedade. E para inverter os valores da sociedade aparecem padres, pastor, polícia, grupo de pais, isso e aquilo. Na escola, nunca vi um Pai de Santo ou uma Mãe de Santo, ou um Cacique dando palestra.

Para finalizar quero lembrar de um costume dos alunos nas escolas. Quando bate o sinal da última aula do dia eles saem correndo. Sempre tem alguem que diz para um outro: saíram correndo igual uns cavalos. Lembrete: quando os cavalos saem correndo é porque não suportam mais o curral.

Fim por fim, feito por mim!