Uma das coisas belas que vemos na praia é a movimentação dos pescadores. Homens corajosos que manejam suas embarcações com audácia e ciência.
No barco, em busca do pão de cada dia, não se vê homens solitários.
Pescar em alto mar é uma atividade que requer companheirismo. Não se pode jogar a rede, puxá-la cheia de peixes, trazer os peixes à praia, rolar o barco para o ancoradouro, ratear os peixes, sem contar com a juda de pelo menos um companheiro.
Maravilhado com essa filosofia, fui conversar com um pescador no Balneário Costa Azul, próximo de Matinhos;
- Olá vizinho, como foi a luta no mar?
- Foi boa! Peguei bastante hoje.
- O que é mais difícil quanto tá lá no meio do mar?
- É estar sózinho!
Pensei que estava incomodando, mas derepente o pescador para de mexer nos apetrechos, senta-se e completa;
- Se estamos ao lado de um companheiro, a vida fica mais fácil...
O pescador me tratou com satisfação, da mesma forma como trata qualquer turista. Respondeu as perguntas e continuou descarregando seus apetrechos.
Entre as coisas que descarregava, um garrafão de agua e um litro de cachaça.
- Você toma pinga quando está no mar?
- Muitos tomam!
- Tomam muito?
- O suficiente para esquecer que o que temos é a noite, o dia e a roupa do corpo.
Suspirou e repetiu;
- Essa é a nossa recompensa; a noite, o dia e a roupa do corpo!