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Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez


Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz2k0W3PSyd

Diário de uma ocupação urbana
Diário de uma ocupação urbana

Decisão tomada em assembléia com mais de trezentas pessoas determinadas! Ocupar cem casas prontas, dez anos abandonadas. Casas construídas pelo Governo do Estado com dinheiro da Caixa Econômica Federal. Ocupação legítima.

Exatamente meia noite, sábado, reza-se um pai-nosso e ocupa-se. Mulheres e homens, Crianças e adolescentes, Jovens e anciãos! Menos de vinte minutos chega a polícia militar, guarda municipal e seguranças particulares. Surpresa! Como pode a polícia chegar tão rápido numa ocorrência? Vazou informações.

A negociação com os PMs é tensa. Fazem pressão psicológica com exposição de armas e munições, cães, sirenes e giroflex ligados, policias em posição de tiro...! Tudo ao mesmo tempo no meio da madrugada. A polícia amedronta a maioria.

- Se pelo menos tivéssemos tido o tempo de organizar a resistência! Pensa um líder. Bastaria organizar grupos de quinze em círculo. Cada lateral e o fundo protegido por grupos. Na lateral que tem mata deixaria cães amarrados... Com essa estratégia era “tudo de bom”.

Epa! Adolescentes levaram bebida alcoólica, escondida. Nada falta! Algazarra e tumulto durante a negociação. Fortalecimento da ação policial.

Membro da comissão de negociação tenta controlar os bagunceiros. De repente o tumulto se transforma numa “torre de babel”. Todos falam ao mesmo tempo, ninguém se entende! Pessoas infiltradas.

O sonho da conquista da casa própria, na capital, se acaba...naquela noite. 

Sem alternativas para resistir, a rendição! No relógio, três horas da madrugada. A PM concede alguns minutos para rápida assembléia. Decide-se caminhar até a frente da prefeitura. Em fila, lado a lado do aparato policial. Três quilômetros de distância.

Poucos desistem. Maioria acampa na frente da prefeitura. Amanhece o dia e às dez da manhã uma comissão reúne-se com o Secretário de Habitação que agenda outra reunião para próxima semana. Jeito institucional dos prefeitos enrolarem quem precisa dos serviços da prefeitura. Não há política de habitação!

            Mesmo sem consenso a comissão aceita. Repassa o resultado à assembléia e vão embora. Cansados, fadigados, sujos, mas de cabeça erguida: ano que vem estaremos de volta e será diferente! Resistiremos, nem que seja na marra!

Alguém da comissão envia um relize pra imprensa. A impressa publica uma reportagem com um título em letras graúdas:

“Desordeiros causam prejuízos aos cofres públicos e Policia Militar tem dificuldade em contê-los”.