VOTAR
Na década de 80 eu votava em candidatos que prometiam um emprego, uma camiseta, um boné, um chaveiro ou qualquer coisa. Nessa época, o bom político era aquele que prometia coisas ilegais, por exemplo, empregar alguém numa repartição pública.
Mais tarde tornei-me militante de uma pastoral, fiz cursos de formação política, aprendi a escolher o candidato. Passei a pesquisar a história de vida do candidato, observar a fidelidade partidária, levantar as principais idéias e saber se as mesmas eram compatíveis com o sistema político brasileiro.
Sendo assim, deixei de votar em candidato que faz promessa, que apadrinha pessoas, que troca o voto por coisas e passei a votar nos que são coerentes com suas idéias e comprometidos numa causa do interesse da classe trabalhadora que pertenço.
Para as eleições de 2006, aprimorei ainda mais o modo de classificar em quem votar. Dos quase 850 postulantes, retiro todos aqueles que trocaram de partidos, os que cumpriram mais que um mandato, os que defendem alianças contraditórias, por exemplo, PMDB e PSDB, os que tiveram mais que um mandato, os que não se engajaram na construção da ética de seu partido, os que se candidataram para ser laranjas de deputados federais e senadores, os que são de outras regiões do Estado e pedem votos na minha região... No dia da eleição, se o candidato que escolhi espalhar santinhos pelas ruas perderá meu voto e escolherei outro.
Não é difícil detectar os candidatos com perfis negativos apontados acima. Basta um pouco de atenção nos comentários dos jornalistas em rádio, jornal e televisão que encontraremos setenta por cento das informações. O resto das informações basta observar a propaganda política, gratuita e obrigatória. Afinal, a propaganda obrigatória serve para definir em quem não devo votar.
É claro que não temos candidatos comprometidos com a cultura popular por ser uma ação política que não rende votos, nem temos candidatos que renegam o político profissional. Mas tem alguém que não é hipócrita nem demagogo. Basta procurar entre as poucas opções.
Passada as eleições minoritárias, os deputados estaduais, federais e senadores eleitos podem perguntar-me. Qual o perfil do congresso eleito? Será que a maioria possui perfis positivos?
O leite já derramou, terminou a festa e estamos na ressaca, chegou o tempo de definir as prioridades da nossa classe trabalhadora e lutarmos por elas.