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Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez


Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz2k0W3PSyd

Salada cultural
Salada cultural

Salada Cultural – dia 06 de março de 2004.

 

Por José Domingos da silva

 

O que assistimos e compartilhamos na salada de cultura foi algo fora do comum. Exatamente isso. E eu considero fora do comum, aquilo que é criativo e dinâmico, levado a sério, uma oposição ao sério, ao inflexível, à ordem vigente.

No momento que o Grupo Boizinho Faceiro começou o cortejo, nas ruas da Vila Hauer, a percussão, a ginga e o colorido da galera, pariu uma energia contagiante e revoluta. Um símbolo relevante do contágio foi as crianças, pequeninas, que seguiam o cortejo, e as velhinhas que saíram nos portões das casas, sorrindo e “balançando o esqueleto”. O que é isso senão “sair da linha” e demonstrar caracteres culturais revolucionários?

Ilustração maior não precisa. Quando Maracatu e Capoeira encontraram-se, misturou o ritmo, as cores, a energia e... pufe! Pariu algo mais revoluto. Só uma fabula é capaz de narrar a variedade da criação. Afinal, parar o trânsito de uma avenida movimentada, não sendo um caminhão de som com manifestantes gritando palavras de ordem e xingando políticos: o que poderá ser? Uma injeção de cultura popular. Isto é: semear, gerar, criar, e ao mesmo tempo devolver a cria à quem pertence. Melhor ainda. Com pleno desinteresse.

Os limites da vontade dos organizadores do evento foram ultrapassados. Ao invés de apenas convidar a comunidade para ir ao centro de cultura, o cortejo foi uma consumação do evento. Nem precisou a comunidade lotar o espaço cultural, o recado foi dado na rua.

Depois dessa, resta-nos marcar a data da revolução cultural, nesta cidade séria. Há uma cria parida que crescerá. O semem cultural já foi lançado na Vila Hauer e Vila Lindóia. O contingente humano necessário para acompanhamento e evolução, junto com, esta configurado.

Dentro do Icaro o que contemplamos já era esperado. Certeza de criatividade, de loucura, de arte desinteressada. Não no sentido alienante, mas com o sentido proposto pelo grupo Arte Negra: Filosofar (formar consciência) com as crianças e brincar com os adultos. Ou com o sentido dos artesãos: transformar o velho em novo, o ruim em bom e o inutilizável em importante. Ou com o sentido dos poetas: sempre, cotidianamente, beber na fonte da inspiração. Sendo assim, o que falta para ter sido uma espécie de mudança?

E tem muito mais, que não dá pra narrar, é melhor fabular.

É bom entender que, loucura é comportamento fora da ordem vigente. Assim foi a Salada e assim tem que ser a arte popular. Principio de revolução.

Há! Tem mais. Não podemos esquecer da cria. Uma vez parida há que ser cuidada e semear e parir outras crias. É a erotização do agir cultural, como diria Roberto Gomes, isso é nosso, é brasileiro, é energia que transforma o duro em mole, o inflexível em possível de mudança. É cultura popular.