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Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez


Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz2k0W3PSyd

Cordel dos carrinheiros
Cordel dos carrinheiros

 

Amigos e amigas

Que me ouvem nesta hora

Apresento-me a vocês

Serei breve sem demora

Sou passado sou futuro

Meu sobrenome é agora

 

A historia aqui descrita

Não sou eu que vou contar

Serão dois personagens

Logo vão se apresentar

Dou uma chance a eles

Vamos ver no que vai dar.

 

Encontrei-os maltrapilhos

Como tantos por ai

Muita sujeira e fome

Fuligem até o nariz

Catando lixo dia inteiro

Ágüem pode ser feliz?

 

O primeiro camarada

Em resumo é um homem

Tem a boca e as pernas

Para não morrer de fome

Ou outros o chamam de Primao

Preguiçoso até no nome.

 

Um branco outro negro

Os dois são maltrapilhos

Comem pouco e muito mal

Água com farinha de milho

De noite, o luar é a maior riqueza

De dia resta o sol, o brilho.

 

Prepare-se amigo leitor

Um diálogo vai começar

Ouça bem os carinheiros

Eles tem muito que ensinar

Pinguços de qualquer rua

Um dicionário particular.

 

Alberto:

Obrigado meu amigo

Por você me escuta,

Descupa meu chero forte

Não tenho roupa pra troca,

Mas vejo que tu é humilde

E não vai se importa.

 

Primão:

Eu também sô assim

Nada mais tenho a dize.

Ais veis a gente se alegra

E esquece de sofre.

Meu carrinho de papel

Testemunha pra você.

 

Autor:

O que quero de vocês,

Meu amigo carrinheiro,

É que me de sua opinião,

Opinião de caminheiro,

Sobre a cidade Curitiba,

E a conhecem, mais que um pioneiro.

 

Alberto:

Ando cidade a fora,

Vejo de tudo meu irmão.

Barraco do lado de casa chique,

Prédio grande e mansão.

Todo mundo põe muro e grade

E engaiola o coração.

 

Primao:

É tanta riqueza nessa cidade

Nois num ganha o que merece

Os danados dos dinheirista

Roe uma unha enquanto outra cresce

Agente só na pindaíba

Vive ruim mas não entristece.

 

Alberto interrompe Primao:

Deixa eu dize uma coisa

Do fundo do coração

Saimo madrugadinha

Tomamo um gole de cachacinha

Pra chega antes do caminhão

Diga você que é estudado

...

...

...

 

Primão:

Pra enche um carrinho desse

É preciso sair cedão.

Se sai com o sol alto

A gente perde pro caminhão,

Agora tu já pensou,

Como é duro nosso pão?

 

Autor:

Agora digam por favor,

O que é mais fácil pra se acha.

Papel pra encher carrinho

Ou um litro de cachaça.

Essa pinga na mão de vocês,

É comprada ou vem na faixa.

 

Alberto:

Nois vendemo os papel,

E juntamo uns tostão.

Depois em qualquer boteco

Tem pinga de garrafão,

Cachaça de graça pra nois,

Aqui tem disso não.

 

Primão:

O papel que a gente junta

Eu nem sei quanto é de dá.

Pelo menos a cachaça

A gente pode comprar,

E quando o lixo é bom

Sobra um pouco pra guarda.

 

Autor:

Vocês teen religião?

Crêem em Deus? Quem os protegem?

 

14 – Agora: digam meus companheiros

sobre o litro de cachaça

vocês compram com dinheiro

ou conseguem isso na faixa

em Curitiba os lixeiros

os respeitam ou os abaixam

 

15 – teimoso: em qualquer boteco tem

a pinga de garrafão

nois compramo essa mardita

não é na faixa não

carrinheiro em Curitiba

corre feito um ladrão

 

16 – primao: o caminhão sempre cata

o melhor papel que tem

já tem até gente rica

catando papel também

pelo menos pra cachaça

não falta nosso vintém

 

17 – Agora: diz pra nos por favor

sobre sua religião

vocês rezam vão a igreja

ou vivem da ilusão

Deus é grande, ele existe,

Você crê na compaixão.

 

18 – teimoso: te garanto, nada sei

do negocio de religião.

Gente boa já encontrei

Gente ruim também achei

Ma chamando de ladrão.

Nunca roubo e nunca mato

Se ganho comida devolvo o prato

Eu sou um bom cristão.

 

19 – agora: ta ai meus companheiros

e companheiras também,

a visão de dois carrinheiros

que andam o dia inteiro

pra ganha pouco vintém.

Esse povo é sofredor

Excluído da sociedade

resgatar seu valor

seja ou onde for

é nossa responsabilidade.

 

20 – agora: vou parando por aqui

mas deixo algo a pensar

nesse dia seis de março

vamos se organizar

um fórum de discussão

é o que temos que firmar

pra fazer justiça a arte

e a cultura popular.

 

VAMOS SE ORGANIZAR!!!!