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Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez


Link: http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html#ixzz2k0W3PSyd

Crônica do pedágio

            Juvenal seguia para a praia de Guaratuba e parou na Praça de Pedágio. Olhou para a cobradora e disse:

            - Eu não tenho dinheiro.

            - Como?

            - Eu não tenho dinheiro!

            - Então o Senhor não pode passar.

            - Como não posso passar?

            - O Senhor, sendo motorista, deve saber que o pedágio é obrigatório nessa estrada.

            - Sim, eu sei. Mas eu não tenho nenhum dinheiro e preciso ir até a praia.

            - Como o Senhor vai até a praia sem nenhum dinheiro?

            - O único dinheiro que tinha gastei em combustível.

            - Então o Senhor aguarda um instante que um funcionário da concessionária vai atendê-lo.

            - Sim Senhora!

            Logo chegou o funcionário e disse-me:

            - A cancela vai abrir, o Senhor estaciona naquele canto.

            - Tudo bem!

            Atravessei a cancela e estacionei no canto ordenado.

            Logo apareceu mais um funcionário e passaram-me a interrogar.

            - Senhor, o pagamento de pedágio é obrigatório e nenhum carro pode passar sem pagar a taxa.

            - Eu sei que é obrigatório, mas eu não tenho dinheiro.

            - Então, lamentavelmente, o Senhor terá que retornar.

            - Só porque não tenho dinheiro pra pagar o pedágio?

            - Sim Senhor!

            - Lamentavelmente, eu não posso retornar. Tenho uma hora pra chegar até Guaratuba.

            - Se o Senhor transportasse uma pessoa doente ou houvesse algo grave que pudéssemos ver, deixaríamos o Senhor passar.

            - Pois bem! Felizmente não transporto nenhuma pessoa doente e graças a Deus não há nenhum problema grave, nem com minha pessoa nem com meu automóvel. O único problema é que não tenho dinheiro para pagar o pedágio.

            - Se o Senhor vai para praia, como poderá se divertir sem nenhum dinheiro.

            - A diversão é opcional e têm muitas alternativas de diversão na praia.

            - Mas o Senhor teve que encher o tanque do carro. Fez isso sem dinheiro?

            - Não! Mas pude escolher o posto de gasolina mais barato e economizar.

            - Olha Senhor, quem não tem dinheiro não vai a praia.

            - Negativo. A praia aceita todas as pessoas. As que têm e que não tem dinheiro.

            - Quero dizer, Senhor, que pra ir á praia é preciso ter dinheiro para cobrir alguns gastos obrigatórios, por exemplo, o pedágio.

            - Sim, mas todos os gastos me apresentam alternativas de escolha e formas de pagamento... Queria ir por outro caminho, mas o único que existe é esse.

            - Lamento, mas o Senhor terá que retornar!

            - Eu não posso retornar, tenho que seguir até a praia.

            - Então terei que chamar a Polícia.

            - Acho melhor!

            Tomei um cafezinho de uma garrafa térmica, e depois de um tempo chegou uma viatura da Policia Rodoviária, com dois policiais.

            - O que se passa?

            - Esse cidadão vai a praia e não quer pagar o pedágio. Ele já afirmou que não há ninguém doente no carro e não tem nenhum problema aparente que justifique a isenção da taxa.

            - Porque o Senhor não que pagar?

            - Porque não tenho nenhum dinheiro.

            - Mas o Senhor sabe que a taxa de pedágio é obrigatória e o não pagamento pode implicar em multa.

            - Sim, eu sei. Mas eu não tenho nenhum dinheiro, tenho que chegar a praia e este é o único caminho por onde posso ir.

            - Sabia que poderíamos prendê-lo?

            - Mas, e as outras pessoas que estão no carro. Também serão presas?

            - ficariam detidas?

            - Só porque não tenho nenhum dinheiro?

            - Não! Porque o Senhor se omite em pagar a taxa obrigatória.

            - Senhor guarda! O dinheiro que tenho está contado. Um tanto pra comida, outro pra bebida, outro para o combustível de volta.

            - Porque não contou com a parte do pedágio?

            - Porque as despesas que citei são necessárias e posso escolher o valor e o local de adquiri-las!

- Pois bem, o pedágio é uma lei e o Senhor terá que cumpri-la. Senão terei que multá-lo.

O funcionário perguntou:

            - Senhor guarda. E quem vai pagar a taxa de pedágio?

            - Se ele não tem dinheiro, nada posso fazer. Só posso multá-lo.

            Perguntei:

            - Qual a infração que cometi, Senhor guarda?

            - Desrespeito a lei.

            - Senhor policial. Toda lei é obrigatória mas apresenta alternativas para cumpri-las.